tecnologia atualmente nova
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A importância das tecnologias de informação e de comunicação (TIC) tem aumentando de maneira exponencial nos últimos anos. Hoje, elas estão presentes em todas as veias da vida cotidiana. Sem TIC, os governos não podem funcionar corretamente, hospitais e fábricas não podem operar e salários não podem ser pagos, apenas para dar alguns exemplos. Essas tecnologias desempenham um papel fundamental na sociedade moderna e contribuem de forma significativa para a resolução de importantes desafios para uma sociedade que quer ser mais próspera, internacionalmente competitiva, saudável, segura e sustentável. Como o eixo de “inovação”, essas tecnologias são fatores importantes para todos os setores dentro de uma economia do conhecimento, na medida em que possibilitam a transferência de informações.
O motor das TIC, entretanto, é a energia, particularmente a eletricidade. Assim, em uma sociedade cujo estilo de vida é fortemente dependente dela, desenvolver tecnologias que permitam a geração e distribuição de energia de forma barata e limpa e que garantam seu fornecimento ao longo do tempo com a máxima eficiência é uma questão de primeira ordem. As smart grids vêm, justamente, atender a esses pontos, representando o que há de mais moderno no setor elétrico.
Atualmente, Europa e América do Norte já iniciaram a instalação de redes inteligentes de energia, com o objetivo de melhorar a eficiência no seu uso final e atender à desregulamentação dos mercados de baixa tensão. Esse processo inclui a implementação de geração renovável em pequena escala, como telhados solares conectados às redes, de forma a fazer frente às metas de reduções de emissões de gás carbônico. Mas essas preocupações não se resumem a essas regiões: a intensa participação de gente do mundo inteiro – mais de 4 mil profissionais, de 90 países – do Congresso WCIT 2010 (www.wcit2010.com), realizado no final de maio, na Holanda, mostra que a conscientização sobre a importância do assunto é cada vez maior em toda a parte. Mais do que isso, seu foco tem sido ampliado para a integração com outros serviços públicos como água, segurança, mobilidade, governo, saúde, ambiente, ocupação de espaços urbanos etc.
Como resultado do encontro, foi publicada a Declaração de Amsterdã, documento que propõe uma série de medidas em diversos níveis da sociedade na busca de uma melhor aplicação das novas tecnologias de modo a favorecer o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável, a diminuição do consumo de energia, o aumento da eficiência energética, a redução de emissões de gases de efeito estufa, a melhoria na qualidade de vida e o melhor aproveitamento das oportunidades geradas pela globalização, além da integração desses benefícios com outras necessidades e serviços públicos.
No Brasil, essas discussões têm avançado rapidamente, uma vez que tanto o governo como a iniciativa privada já perceberam a importância de criarem capacitação tecnológica nessas novas áreas que, em breve, estarão dominando a área energética. Algumas ações já estão em curso. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tomou, no ano passado, iniciativas importantes no sentido de modernização da infraestrutura de eletricidade no país, incluindo a realização de consulta pública sobre medição eletrônica, a regulamentação do uso da comunicação pela rede elétrica e o início de um estudo sobre melhorias na metodologia de cálculo de tarifas de eletricidade. Outro fato que merece destaque foi a criação, em abril deste ano, de um grupo coordenado pelo Ministério da Minas e Energia (MME) especificamente para estudar as tecnologias de redes elétricas inteligentes no Brasil. Além disso, o MME está dando ênfase ao Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEF). Prometido para o final do ano, o PNEF deve descrever a estratégia a ser adotada para garantir os 10% de redução de consumo elétrico por meio do aumento da eficiência energética, como previsto no Plano Nacional de Energia 2030.
Entre os agentes consumidores, os projetos desenvolvidos se concentram, de uma maneira geral, em redução de custos pelo acesso ao mercado livre e na busca de eficiência energética, seja através de substituição de equipamentos ou pela modulação da carga e monitoramento do consumo. Em alguns casos, tem havido o interesse crescente por estudos de co-geração de energia, que em nosso país, por questões tributárias, tem retorno maior em várias aplicações do que na maioria dos países do mundo. Nas distribuidoras, o foco claramente é na redução de perdas comerciais e de custos operacionais, principalmente por meio da modernização dos ativos e crescente instalação de medidores eletrônicos nos clientes de baixa tensão.
O cenário energético nacional está avançando de forma muito rápida. Além das iniciativas já enumeradas, todas as empresas de energia estão estudando o tema e já foram feitos projetos bastante significativos. Esses avanços serão objeto de apresentação, discussão e debate, com líderes do mundo inteiro, do III Fórum Latino Americano de Smart Grid, que acontece nos dias 23 e 24 de agosto, em São Paulo. Este pioneiro congresso, que acontece simultaneamente a uma exposição de fabricantes, é parte do circuito mundial de eventos sobre o tema e trará os principais executivos, líderes governamentais e acadêmicos da área. A continuidade do desenvolvimento das TIC e dos sistemas elétricos para atendê-las exigem a amplo engajamento e colaboração global. Junto com as experiências já desenvolvidas por aqui, esse evento é uma mostra de que o Brasil e a América Latina estão plenamente inseridos nesse processo.